O que é blockchain e como ele pode ser aplicado na logística?

Ao longo da história, várias tecnologias surgiram e promoveram grandes transformações nos relacionamentos entre as pessoas, nos métodos de gestão empresarial, nas interações sociais, além de transformar o padrão de comunicação então vigente.

Antigamente, para se comunicar com pessoas em outros lugares, recorriam-se às cartas, escritas de próprio punho, obter e transmitir informações e se inteirar sobre situações confidenciais.

Com o passar dos anos, grandes revoluções ocorreram na forma como os seres humanos se comunicavam. Telefones pessoais e residenciais, e-mail, programas de mensagens computacionais e, mais recentemente, aplicativos de mensagens instantâneas!

Realmente muitas tecnologias surgiram e facilitaram diversas atividades pessoais, as interações sociais e o desenvolvimento de mercados ao redor do mundo. Tecnologias têm a capacidade de revolucionar e, como vimos, o passado corrobora esse fato.

Por isso, no artigo de hoje, falaremos de uma recente tecnologia cujo potencial de transformação é muito grande: o blockchain! Sendo assim, mostraremos o que é blockchain, quais são seus benefícios, como surgiu e como pode ser aplicado à logística.

Para facilitar sua navegação e leitura, dividimos o conteúdo deste artigo em tópicos. Assim, você poderá ler somente aquilo que for do seu interesse, além de esclarecer rapidamente suas dúvidas sobre o assunto. Os tópicos deste artigo são:

  • O que é blockchain?
  • Como funciona o blockchain?
  • Como o blockchain surgiu?
  • Quais sãos os benefícios do blockchain?
  • Como o blockchain pode ser aplicado na logística?

Esperamos ajudá-lo (a) a entender o que é o blockchain, quais suas aplicações e como ele poderá revolucionar o mundo ao longo dos próximos anos. Tenha uma ótima leitura!

O que é blockchain?

Blockchain é uma tecnologia descentralizada de dados compartilhados que registra transações verificáveis e imutáveis, em um sistema mundial, interligado por diversos computadores, dispersos geograficamente, em uma espécie de livro-razão contábil em constante crescimento e, até que se prove o contrário, infinito.

Por descentralizada, entende-se a inexistência de agentes, instituições ou órgãos reguladores, além de quaisquer terceiros. A confiança das transações e registros é partilhada entre as partes envolvidas no processo. A própria descentralização é uma medida de segurança do sistema.

Já por compartilhado, entende-se a distribuição do sistema. O blockchain é um sistema global, distribuído e compartilhado por vários computadores (na realidade computadores muito poderosos) espalhados ao redor do mundo.

Essas máquinas são responsáveis por validar as transações e registrá-las em blocos, daí a origem do nome, que são conjuntos de registros no sistema.

Mas, como o blockchain funciona?

Como funciona o blockchain?

“É a maior revolução do século 21”; “Vai mudar o mundo”; “A maior coisa depois da Internet”. Muito se tem falado a respeito do blockchain. Reportagens televisivas, sites de notícias, livros, diversos blogs espalhados pela internet, mas, a grande verdade é que muitas pessoas, mesmo com a literatura disponível, ainda não conseguiram entender como o blockchain funciona.

Muitas das explicações e materiais disponíveis são simplistas, ou seja, apresentam explicações rasas e superficiais sobre o assunto. Outros, são demasiados e prolixos, utilizam diversos termos técnicos e complicam ainda mais o que já é complexo.

Por isso, tentaremos explicar da forma mais simples possível, porém didática, como o blockchain funciona. É importante destacar que não existe somente um blockchain, relacionado à criptomoeda Bitcoin, como muitas pessoas acreditam.

Na realidade, o mais conhecido deles é o blockchain que viabiliza, suporta e realiza as transações do Bitcoin. Todavia, existem vários outros com aplicações distintas e variadas, que não a original (suporte à moeda digital).

Para facilitar seu entendimento, vamos dividir as explicações em, basicamente, quatro etapas, sendo:

  • Componentes de um registro;
  • Anonimato dos agentes envolvidos;
  • Oficializando a transação;
  • Princípio da imutabilidade.

Para explicar o funcionamento do blockchain, baseado nos tópicos que acabamos de apresentar, recorreremos ao contexto mais conhecido de sua utilização: o Bitcoin, a mais famosa das criptomoedas.

Componentes de um registro

Grande parte das explicações acerca do blockchain, o tratam como sendo uma espécie de livro-razão, isto é, um livro contábil onde se registram as movimentações financeiras (contas) separadamente.

Como não são todas as pessoas que sabem o que é um livro-razão e sua aplicação, simplificaremos ainda mais nossa explicação relativa ao funcionamento do blockchain. Vamos imaginar uma tabela, similar àquelas planilhas em Excel, com três registros principais, sendo:

  • Origem
  • Destino
  • Valor

Dessa forma:

O blockchain possui algumas características essenciais e muito peculiares. Por hora, você precisa saber sobre sua descentralização e distribuição, ou seja, qualquer pessoa poderia ter uma cópia da tabela exemplificada.

Em relação ao blockchain do Bitcoin, por exemplo, qualquer pessoa pode tê-lo em cópia em seu computar pessoal. Esse princípio se assemelha ao compartilhamento de arquivos na internet.

Também, outra característica bastante específica do blockchain é o sigilo e privacidade dos dados que ele registra. Em termos simples, isso quer dizer que ninguém pode saber quem são as pessoas envolvidas na transação. É aí que entra a segunda etapa da nossa explicação!

Anonimato dos agentes envolvidos

Como dissemos uma das características típicas do Bitcoin, e alvo de muitas críticas, é seu caráter sigiloso, mas, isso, só ocorre graças à dinâmica de funcionamento do blockchain.

Para tornar isso possível, o blockchain introduziu a idéia de endereço, além da utilização de criptografia. A partir de uma chave privada, de posse pessoal, submetida a operações criptográficas, um usuário consegue gerar diversos endereços.

Esses endereços são longos conjuntos de caracteres e números que misturados entre si originam um desses endereços necessários ao funcionamento do blockchain.

Vamos aplicar esse conceito à nossa tabela. Vamos imaginar que o senhor Madruga queira enviar dinheiro para dona Clotilde. Para que isso seja possível, é necessário que Dona Clotilde informe à Madruga um endereço, dessa forma:

A partir do endereço, ninguém consegue descobrir a origem e o destino da transação, quer dizer, as identidades do senhor Madruga e da Dona Clotilde. Todavia, por meio das chaves privadas, pode-se assumir a autoria de uma transação.

A cada nova transação, é recomendável que se utilize um endereço diferente. Também, recomenda-se que a guarda das chaves privadas ocorram em locais muito seguros, como, por exemplo, em cofres ou em programas próprios para isso.

Agora, é necessário oficializar a transação, isto é, torná-la válida. Assim sua autenticidade é garantida! Vamos à nossa terceira etapa!

Oficializando a transação

É importante ressaltar que as transações não são registradas automaticamente no blockchain. Quando o senhor Madruga enviou Bitcoins para Dona Clotilde, isso não foi incluído no blockchain de imediato.

Antes de ocorrer o registro, é necessário que haja a validação do processo. Sendo assim, após a transação, ela é encaminhada para uma espécie de sala de espera, dessas onde aguardamos até o médico nos chamar, quando então ocorre a oficialização.

Mas, para que a oficialização aconteça, é fundamental o trabalho realizado pelos chamados “mineradores”, termo que, provavelmente, você já escutou.

Os mineradores são pessoas, localizadas em diferentes regiões do mundo, por isso, no início do artigo, falamos sobre o caráter global do blockchain, que auditam, validam e registram em blocos as transações envolvendo o Bitcoin no blockchain.

É importante destacar que qualquer usuário pode criar Bitcoins mediante a mineração. Todavia, antes de explicarmos como funciona a mineração, vamos reproduzir nossa tabela antes de validadas as transações nela registradas.

O que são mineradores?

No caso da criptomoeda, a função realizada pelos mineradores é fundamental, pois, além de validarem as transações e registrá-las no blockchain, espécie de livro-razão, o ofício de minerar é “premiado” com Bitcoins e, dessa forma, se criam novas espécies da moeda digital no mercado.

Os novos Bitcoins são o pagamento para o processo de mineração. Mas, não ache que a tarefa é tão trivial e que você ficará milionário minerando Bitcoin, muito pelo contrário!

Isso porque constantemente, novos mineradores se unem ao sistema para validarem as transações e, em troca do árduo trabalho, receber Bitcoins como pagamento. Como o número de computadores que integram a rede vem aumentando, fica cada vez mais difícil realizar a tarefa.

Exploraremos mais a fundo esse assunto quando abordamos o surgimento do blockchain. Todavia, agora, mostraremos quem são os mineradores e como funciona a mineração.

Quem são os mineradores?

Como dissemos, qualquer “aventureiro” pode ser um minerador, contudo, a tarefa não é para amadores. Os mineradores são os “responsáveis” por verificar a autenticidade das transações.

Lembra da sala de espera de que falamos há pouco? Pois bem, os mineradores, em intervalos determinados de tempo, analisam todas as transações do mundo que se encontram nessa sala de espera.

Na verdade, quem analisa as transações é um computador ligado à rede do blockchain que, através da análise e resolução de complexas equações matemáticas, ganha o direito de registrar as transações que estavam na sala de espera no blockchain.

Por ter resolvido essa complexa (complexa mesmo!) equação matemática, o minerador, dono do computador de alta capacidade operacional e poder computacional, é premiado com Bitcoins, criados, justamente, para premiá-lo pela capacidade em resolver as equações mencionadas.

Como as transações são confirmadas?

Quando o Sr. Madruga realizou o envio de Bitcoins para Dona Clotilde, ele assinou as informações dessa transação com sua chave privada, isso tudo, de forma digital.

Esse processo de assinatura é uma operação de criptografia em cima de todas as informações da transação. A partir disso, é gerada outra chave.

O minerador confirma a validade da assinatura, assim, verificando os dados da transação e, por fim, confirmando toda a operação. O próprio minerador assina a transação e gera novas chaves que oficializam a transação.

Nesse momento, questões de data e hora são oficializadas e, no momento em que a transação é registrada no blockchain, essas informações de tempo também são registradas no sistema.

Estamos quase lá ! Vamos à quarta (e última) etapa!

Princípio da imutabilidade

Depois de todas essas etapas, ainda, restam algums  procedimentos até o fim completo do registro. Como comentamos, as transações podem ser compartilhadas entre as pessoas ligadas a ela e qualquer usuário da rede, uma vez que são públicas.

E o que impede alguma pessoa de apagar algumas transações, atualizar valores e informações de tempo (data e hora)?

As transações são assinadas digitalmente, como mostramos, mas, seria algo simples mudar os registros de uma transação ao mesmo tempo que sua correspondente assinatura digital.

É aqui que começa a grande “sacada” do blockchain! E é por esse motivo que ele recebeu esse nome que, em tradução para o português, significa “corrente de blocos”.

Mas, para entendermos bem isso, é necessário entender, antes, o conceito de hash.

O que hash?

O hash consiste em uma operação, que pode ser encarada como uma função matemática, realizada sobre qualquer agregado de informações digitais. Existem diversas funções de hash distintas.

Quando alguém seleciona um recurso de hash, todas as vezes que for aplicado em um determinado texto, gerará uma sequência idêntica de números e caracteres. Se essa sequência for modificada, mesmo que somente uma vírgula, o hash mudará completamente.

Veja uma demonstração abaixo. Nela, utilizamos uma das mais simples técnicas de hash, a função hash MD5.

No momento em que o minerador realizou a verificação da transação que exemplificamos, ele realizou esse processo em todas as transações que estavam pendentes ao mesmo tempo. Logo em seguida, gerou um hash calculado com base nas operações realizadas no bloco. Observe:

Finalmente, esse bloco é inserido no blockchain. Todavia, mais uma operação acontece. Olhando para o hash final do bloco anterior (74), é realizada uma nova operação, gerando um novo hash de finalização para esse bloco, elaborado a partir do bloco anterior e do hash produzido a partir das transações deste bloco. Observe a imagem:

Perceba que, a cada vez que um novo bloco é adicionado ao blockchain, ele é criptografado com base no bloco anterior. Isso significa que, absolutamente todos os registros de qualquer bloco estão entrelaçados entre si.

O bloco 75 depende do bloco 74, que depende do bloco 73, que depende do bloco 72. Essa lógica construtiva remonta ao início do blockchain, que no caso da criptomoeda bitcoin foi há 8 anos atrás (2010).

Assim, é impossível, computacionalmente falando, modificar e recalcular todos os hashs em todas as cópias existentes do blockchain. Para isso, seria necessária uma energia computacional inimaginável o que, em termos práticos, é impossível.

Quem criou o blockchain?

O surgimento e a história do blockchain estão intimamente ligados à criação do Bitcoin. A definição original, remonta ao ano de 2008, com a publicação de um artigo chamado “Bitcoin: A Peer-to-Peer Eletronic Cash System”, publicado por Satoshi Nakamoto.

Satoshi Nakamoto, cuja real identidade permanece desconhecida até os dias de hoje, mesmo havendo especulações e pronunciamentos a respeito, lançou, em 2009 o código aberto da aplicação.

Assim, em 2009 a rede Bitcoin teve seu início, tendo como primeiro minerador Satoshi Nakamoto. No entanto, em 2011, Satoshi desaparece das discussões em fóruns, artigos, sites especializados e com contribuições para a rede Bitcoin.

Contudo, mesmo com a ausência do seu criador, a rede e a criptomoeda foram se desenvolvendo com o esforço conjunto da comunidade, que soluciona problemas na rede, instituí códigos de ética e demais melhorias na rede Bitcoin e no próprio blockchain.

Como o blockchain pode ser utilizado na logística?

Como vimos, o blockchain entrega transparência aos agentes envolvidos nas transações que registra, além de oferecer visibilidade a qualquer participante da rede. Além disso, o sistema é auto-suficiente, uma vez que não depende de um servidor central para operar.

Para o mercado logístico, o blockchain, por assegurar a origem, a rastreabilidade de produtos perecíveis, como alimentos, remédios e produtos industriais, seria totalmente possível verificar informações acerca do prazo de validade, como foram armazenados, transportados, quais os ingredientes utilizados em sua composição, dentre outras informações.

Além disso, por assegurar o registro imutável de cada transação, é possível reduzir o número de fraudes, além de identificar com mais facilidade cargas roubadas. Também, contratos poderão ser totalmente digitais, e o tempo das transações e dos fechamentos reduzirá significativamente.

O controle sob documentações será mais transparente e seguro, podendo ser aplicado ao frete, à contratação de serviços logísticos, terceirização de frota, controle de documentação de veículos e fichas de manutenção veicular.

Conclusão

Como vimos, o blockchain é uma tecnologia com grande potencial de aplicação em diversos mercados. Contudo, somente o passar dos anos nos mostrará quais serão estas aplicações.

Esperamos ter lhe ajudado a entender o que é o blockchain, algumas aplicações, função, como foi criado e o potencial de aplicação da tecnologia no mercado logístico em diversos segmentos.

Agora que você aprendeu sobre o blockchain, aprenda tudo sobre como calcular os valores de frete, para os serviços do transporte de cargas, de acordo com a nova tabela de fretes mínimos.

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